A notícia de que Daiane dos Santos foi flagrada em exame antidoping pegou de surpresa antigos colegas da ginasta na seleção brasileira. Embora soubessem da rotina de exames repentinos promovidos pela Wada (agência mundial antidoping), atletas como Laís Souza e Diego Hypólito jamais imaginaram que a gaúcha pudesse ser pega com substâncias proibidas.
- "É muito estranho tudo isso. Ela está fora de competição, então ela poderia comer, beber, tomar o que ela quisesse", afirmou Laís Souza, que treina ao lado de Daiane no Clube Pinheiros, em São Paulo. "Fiquei sabendo pela televisão e liguei para a Laís para saber o que estava acontecendo. Estou sem muito contato com a Daiane este ano. Mas fiquei bastante surpreso", afirmou Diego.
Daiane foi submetida aos exames surpresas promovidos pela Wada em julho. Segundo Diego revelou à reportagem do UOL Esporte, ele também foi surpreendido por um emissário da agência na mesma época. O ginasta treina no Flamengo, no Rio de Janeiro.
"Estava malhando na academia quando um representante da Wada apareceu dizendo que eu tinha de fazer um exame antidoping. Foi em julho também, na mesma época da Daiane. Mas eu estava em rotina de competição. Fiz outros, inclusive, depois disso", disse o ginasta, que disputou o Mundial de ginástica artística de Londres em outubro.
O anúncio do doping de Daiane foi feito nesta sexta-feira por meio de um comunicado oficial da Federação Internacional de Ginástica. Segundo a nota, a brasileira foi flagrada pelo uso de furosemida, diurético presente em fórmulas de medicamentos para emagrecer.
"A Daiane sempre foi magrinha. Mesmo depois que fez a última cirurgia no joelho e ficou sem competir, não teve muitos problemas de peso. É muito estranho tudo isso", finalizou Laís Souza.
O técnico da ginasta, Raimundo Blanco, também questiona o resultado do exame. "Deve ter acontecido algum engano. Ela não está competindo agora. Não teria sentido usar nada neste momento", analisou o treinador.
Há uma semana, Daiane participou do UOL Esporte Entrevista e declarou que pretendia voltar à seleção brasileira em 2010. "Eu já estou praticamente liberada para treinar, tenho que ter um ganho de força em uma das pernas, que é o que falta para ele (o médico) me liberar".
Dois lados
Eliane Martins, árbitra da FIG (Federação Internacional de Ginástica) e coordenadora da seleção brasileira durante os 18 anos da gestão de Vicélia Florenzano na CBG (Confederação Brasileira de Ginástica), acredita que a entidade não divulgaria uma história tão grave se não estivesse comprovado.
Entretanto, assim como Laís e Diego, ela não vê em Daiane o perfil de uma atleta que use substâncias proibidas. "Mas também não acredito que ela [Daiane] tenha feito isso, porque ela tem conhecimento das regras, sempre foi muito disciplinada, uma atleta exemplar. Ela sempre foi um exemplo de comportamento para as outras meninas, uma liderança superpositiva dentro do grupo".
Eliane também negou que o caso já fosse conhecido há mais tempo. Ela esteve no Mundial de ginástica artística, disputado em Londres na segunda semana de outubro, e garante que não ouviu comentários sobre o doping que mais tarde viria a ser de conhecimento público.
"Não se falou absolutamente nada a respeito disso. Ainda conversei com o doutor [Michel] Léglise, que é o médico da FIG, e com a Nellie Kim, que é do comitê [de ginástica artística feminina da FIG] e é minha amiga, e ninguém sabia de nada. Mas isso é sempre uma coisa muito sigilosa também", concluiu.